Sonhos

 Olá, caro leitor do blog! 

Por Silvana S. Seixas de Brito

Hoje me peguei pensando em sonhos, sonhos que tive, sonhos que realizei e sonhos perdidos. Você já fez reflexões assim?


Esta sou eu, com 4 anos, cabelinho fuá, jeito de menina levada e que fazia pose para uma boa foto. E saiu uma bela foto! Daquelas que te remete ao momento fotografado, quando eu ia pra escolinha, aos finais de semana meus pais me levavam à chácara que tinham, eu brincava muito na área verde💚 próximo de casa, e o único medo que eu tinha era do homem do saco. Se quisessem me ver correr para dentro de casa era gritar "Olha o homem do saco!". Ele não existia, mas as histórias que contavam dele faziam eu ter um sonho: de nunca ser levada pelo homem do saco!

O tempo passou e vieram vários outros sonhos, estes com personagens reais. Quando ainda criança, no auge dos meus 10 anos, lembro-me de querer ser professora, porque via a tia Beth(professora da 4ª série) receber todos os dias um lanchinho de seus alunos, todos os dias ela lanchava coisas gostosas😁. Mas eu também alimentava uma vocação, o esporte! Gostava de jogar bola, e quando os meninos falavam que meninas não podiam jogar, eu disfarçava que entendia e no primeiro momento de distração deles, eu pegava a bola e corria o mais rápido que podia, era uma menina correndo e um monte de meninos correndo atrás, até que geralmente paravam no outro corredor da escola, onde os mais velhos estudavam e o meu irmão estava entre uma destas salas, ufa, eu chegava sempre antes deles me alcançarem e meu defensor já impunha as regras: "Deixem a minha irmã jogar, ou eu vou acertar todos vocês!"💪 Todos voltavam sabendo que eu deveria entrar no jogo, mesmo que quase nunca tocassem a bola pra mim, mas o sonho de saber jogar bem existia e começava a crescer em mim, ao chegar em casa pedia ao meu irmão me ensinar a fazer "embaixadinhas", e isto me fez ser reconhecida pelos meninos alguns anos depois, pois eu fazia mais de 100 e eles admiravam a minha habilidade. 

Nesta mesma época, com 11 ou 12 anos, aprendi a jogar voleibol na escola com um professor que se chamava Pedro Perran, ele me incentivava porque os meninos não queriam me deixar jogar, então ele decidiu que naquele momento íamos deixar um pouco o futebol de lado e partir para outra modalidade. No mesmo ano, fiz natação em um clube com este mesmo professor, que me incentivava bastante dizendo que eu era boa no esporte, por muitas vezes passava a aula toda dentro da quadra, jogando como titular, quando ele ensinava handebol ou fazia as ginásticas "doidas" dele. 

Aos 14 anos, recebi um informativo no colégio sobre seletiva para o voleibol do SESI. Fiquei imaginando como seria bom ser jogadora de voleibol, estar treinando com bons treinadores e decidi fazer a seletiva. Lembro de minhas mãos suadas e geladas na hora do teste, mas me concentrei e consegui a vaga, pronto, eu era do projeto Atleta Esperança, Sesi Ceilândia, DF. A partir daí, meu sonho era ser atleta. A minha estatura não é alta, tenho 1,65m, na época eu estava num patamar mediano de altura porque tinha 14 anos e já 1,63m, meu pai tinha 1,83m e isso me fazia crer que eu cresceria bem mais, o que não aconteceu, só 2 centímetros e minha altura estabilizou. O que não me permitiu deixar de sonhar. Passei da fase formativa para a fase competitiva,  no SESI Taguatinga, DF, e depois fui jogar no Iate Clube de Brasília aos 17 anos, fase boa da vida, mas que precisamos decidir o que queremos ser e nesta idade a gente é meio louco, não temos o pé sempre no chão e muitas vezes a cabeça nas nuvens, imaturos e "sabe tudo".

Meu sonho agora era ter  uma boa profissão, ganhar bem e viajar muito. Pensava em fazer Direito (pela grana) ou Turismo(pelas viagens). Descartei o Turismo porque comecei a namorar e pensava ser difícil ficar longe do meu namorado várias vezes e manter um relacionamento sério, achava que a distância física poderia separar a gente (hoje vejo que existem proximidades que afastam muito mais do que distâncias físicas). Então, iria prestar vestibular para Direito, depois eu escolheria Educação Física por amor. O que acontece conosco quando temos anjos que nos orientam a fazer o que amamos para sermos felizes? Seguimos seus conselhos! Isso mesmo, meu pai perguntou porquê eu iria fazer Direito, que se fosse pelo dinheiro eu não deixaria de ser advogada de porta de cadeia e defender bandido não era algo que eu queria, no fundo do meu coração, e prestei vestibular para Educação Física, na época tinha prova prática e tudo, e foi muito massa, corrida, agilidade e natação, e eu tirei de letra! Que felicidade, passei e tive uma faixa na frente da casa de meus pais que dizia "Nós sempre acreditamos em você, parabéns!".

Na faculdade, comecei a ver que deveria fazer decisões importantes, não poderia continuar jogando voleibol no Iate Clube, por causa do horário, eu fazia faculdade à noite, e os treinos começavam à tarde e se estendiam até a noite. Decidi parar, e nos primeiros dias de aula soube que havia um time da UCB que eu poderia entrar, fiz a seletiva e passei, o primeiro semestre da faculdade foi intenso, treinos à tarde, já ficava pra aula, conheci o rapaz que cuidava da piscina e ele me permitiu nadar depois do treino e antes da aula, eu amava, era uma correria que eu sonhava, era muito bom. Pena que foi por pouco tempo!

No segundo semestre da faculdade, decidi sair do voleibol e procurar emprego na área, afinal, eu precisava entrar em um estágio logo para saber lidar com a profissão, consegui estágio na academia Marathon, onde nós éramos responsáveis pela Educação Física do Colégio INEI, foram quase 8 anos de muito aprendizado, muitos amigos e muitas responsabilidades. Na vida pessoal, o namoro virou noivado (despertando o sonho do casamento, confesso, com medo, mas surgiu), a possibilidade de conquistar um lote para construir, e graças a Deus, casei na igreja em 2002 após estarmos construindo nossa casa. Os sonhos acabaram? Não, eles começaram a fluir...

Casamento não é brincadeira, e é muita responsabilidade tomar esta decisão, são criações diferentes dadas ao longo da vida e juntar duas pessoas sob um mesmo teto exige abrir mão de muitas coisas, inclusive de alguns sonhos, porque se está se juntando ao outro, o sonho não consegue ser alcançado sonhando sozinho(a), é partilha, de alegrias, de frustrações, de medos e anseios. E meu esposo tinha um sonho de ser pai, ele já era, de um relacionamento anterior, mas por várias situações desconfortáveis, a mãe da filha não permitia que ele fosse um pai presente, do jeito que ele sonhava ser. Confesso que eu tinha medo de ser mãe, mas eu tinha este sonho, um menino pra jogar bola, dar piruetas, ser parceirão... Em 2005, com 25 anos, descobri que estava grávida de uma menina! "Ahhh, Deus, será que eu vou conseguir? menina tem que ser meiga, cheia de frufru, eu era tudo, menos isso!" E agora o meu sonho era somente que Júlia nascesse sadia, que eu conseguisse ser uma boa mãe e que meu lar fosse próprio, acolhedor e amoroso pra ela.

Maternidade também não é brincadeira, além dos gastos, a dedicação é exclusiva, a gente começa a entender o tal amor incondicional, o qual nunca sentimos antes de ter um filho! E ser mãe foi o momento mais mágico de minha vida, foi lindo, era uma bebezinha feinha, mas a mãe sempre diz que era linda😂. E pronto. Daí os sonhos se renovam, eu queria algo certo na profissão e decidi fazer concurso público, porque em instituição privada vi muita gente sonhando com a aposentadoria e ser mandado embora  antes deste tempo chegar, e quem me impulsionou foi a querida professora Zilmar, que também era minha aluna na natação e professora no colégio em que eu atuava, quase pra aposentar e a mandam ao RH para ser demitida, é, sem justa causa, mas ela precisava somente de mais um tempo para poder desfrutar do descanso merecido de tanto trabalho na vida, eles não pensaram nisso! Me senti empurrada, e agradeço a esta querida pessoa , que na época nem fazia ideia do quanto a situação ruim em que ela passava me ajudou.

Passei no concurso da Secretaria de Estado de Educação em Goiás, e nem pensei duas vezes em ir ao RH da academia falar sobre minha saída, tudo era muito legal, mas a questão da instabilidade no emprego me fazia querer sair. Foi bom enquanto durou. Olha aí, mais um sonho conquistado! A realidade da instituição pública era bem diferente, tudo faltava, até mesmo o básico, mas os alunos, ah, eles me fizeram entender que a gente precisa fazer o que gosta e passar as experiências vividas para que nunca deixem de sonhar. Eles podiam ser o que quisessem, mas encontrei uma realidade em que eles tinham mais pessoas pra botá-los pra baixo do que pra cima. Meu sonho naquele momento era conseguir fazer com que meus alunos acreditassem neles próprios! A Educação Física pra eles era um intervalo grande e eu fui desconstruindo isto neles, a Educação física é muito mais do que "rolar bola", meninas jogam queimada e meninos, futebol. Ela é cheia de possibilidades e eles acreditaram nisso, e fomos transformando as aulas, até que um dia me vi falando aos alunos que era aula lúdica, eles poderiam escolher o que iam fazer e um aluno chegou e falou: "Ah não, gosto mesmo é de ter orientação com você, professora, suas aulas são muito boas!", lembro que saí desta aula cheia de orgulho de mim e pensando que se eu não consegui realizar o sonho de ser atleta, eu poderia realizar este mesmo sonho em alguns alunos. Faço isso até hoje!

Bom, neste tempo fui mãe novamente em 2010, de outra menina! Mas agora eu já havia feito um estágio antes e acho que tirei boas notas, a Júlia já tinha 4 anos e era linda, inteligente e muito educada. A irmã Joice deu sorte, porque Júlia é muito amável desde sempre. Joice era a realização de um sonho de curiosidade que eu tinha: "Como será se eu tiver outro(a) filho(a)? Vai parecer com a Júlia? Comigo? Vou amar do mesmo jeito, com a mesma intensidade?" E digo, foi outro momento mágico, ela era linda( já falei lá em cima sobre isso😁!) e sim, o amor se divide em partes exatamente iguais. Agora, o sonho era criar minhas duas filhas com amor, responsabilidade e sabedoria. A casa era em espaço urbano e eu  almejava ter um lugar no mato, uma chácara, um lugar que me servisse para minhas farras e meus sossegos, ao mesmo tempo.

Em 2013, conheci um local, do jeito que eu queria,  me veio a intenção de fazer um projeto social,  um lote na rural, próximo do colégio em que dou aula, esbocei uma piscina para dar aulas de natação, mas os custos são bem altos e este projeto ainda persiste em minha mente. Em 2017, decidimos ir morar na chácara, nossas filhas amaram a ideia e eu corri para arrumar local de estudo, planejar onde ficariam quando eu e o pai estivéssemos trabalhando e foi um desafio superado, porque eu conciliei e alguns dias elas ficavam comigo no colégio em que trabalho, aproximei-as de mim e estávamos mais unidas do que nunca!

Hoje, dia em que escrevo este artigo, mantenho ainda muitos sonhos, alguns transformados, outros modificados e ainda aqueles que eu nunca pensaria em sonhar. E sabe o sonho de meu menino? Sim, ele nasceu em 2020, ano em que perdi meu pai (grande e eterno amigo) e começou a pandemia.

E as reflexões que fiz no dia de hoje sobre sonhos é que a vida precisa deles pra continuar, devemos sonhar sempre, é o que nos mantém lutando, tentando, buscando, vivendo. São os sonhos que nos fazem voltar no tempo e perceber que somos capazes de muito, sonhos pequenos, sonhos grandes, sonhos enormes, todos devem constar em nossas listas de desejos, não é mesmo?

Convido-o, caro leitor, a assistir este pequeno vídeo sobre sonhos e fazer reflexões da sua própria linha do tempo, dos sonhos que teve, que tem, que já realizou ou que já se perderam.



Com muito carinho, desejo que sonhe alto, conquiste o céu e seja, além de tudo, muito feliz em sua jornada!  Professora Silvana Seixas

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